sábado, 3 de agosto de 2013
quinta-feira, 30 de maio de 2013
O professor que mudou minha vida
Mais uma vez irei mato adentro,
na direção da verdadeira civilização. As perguntas voltarão, junto comigo, no
final de maio. Quarenta e cinco anos em sala de aula me dão o direito de um
pequeno descanso. Porém, minha alma de professor sempre continuará na ativa. Um
acontecimento, uma paisagem, uma placa no caminho, um letreiro no bar da
estrada... Tornam-se muitas vezes exemplos para a discussão didática sobre a
comunicação nas empresas.
Aliás, minha vida é - foi e será
- uma grande viagem. Muitas retas, divertidas curvas; porém e principalmente, guinadas
fantásticas. Sem medo ou arrependimento. Quem já esteve em sala comigo, ou leu
textos deste blog ou do meu site, sabe da primeira grande guinada da minha
vida: a mudança do “ódio à Língua Portuguesa” para “o trabalho com redação em
sala de aula”.
Devo isso a um professor
fantástico. Ele, como eu, não entendia como pode um aluno achar Física ou
Química mais fácil do que Português - conhecimento que pratica desde que
pronunciou as primeiras palavras. A resposta está no desvio do foco. São tantas
classificações a guardar que a construção do texto e o raciocínio lógico são deixados
de lado. Prevalece a decoreba, ignora-se a compreensão.
Era 1965, Rua Haddock Lobo,
Tijuca. Vinte e seis alunos magnetizados pela dinâmica, pela facilidade de
comunicação de um professor fora do seu tempo. Anos luz à frente do
convencional. E ele, Paulo de Tarso, um empolgado e empolgante professor de
curso preparatório para concursos, abriu meus olhos e meu coração. O cara me
mostrou a outra face, o lado simples da nossa Língua. Essa lição eu aprendi, e
tento fazer com que meus alunos também descubram que escrever pode ser um
prazer.
Nos últimos treze anos, em todas
as turmas que tive, o último dia de aula termina com uma pequena história em
que agradeço a essa figura incrível, que mudou a minha vida. Portanto, já pronunciei
seu nome mais de 200 vezes, todos os anos, todos os meses.
E é pouco, falarei sempre. Por
isso, quis registrar esta pequena homenagem: um texto cheio de gratidão e
saudade. Faz alguns anos que vi Paulo. Gostaria de vê-lo novamente. Se alguém
tiver notícias...
Posso não vê-lo, Paulo de Tarso,
mas sei onde está. Onde sempre esteve... No meu coração.
Gerson Jorge
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Perguntas Semanais
As perguntas semanais estão suspensas. Por quê?
Com a minha entrada no Facebook, houve uma mudança na comunicação com amigos, alunos e ex-alunos. Passei a colocar perguntas também no Face. E lá a interação é imediata, dinâmica.
Se você quer continuar participando, tentando, errando, acertando, compreendendo as questões propostas, entre no Facebook. Se ainda não faz parte da minha corrente de amigos, me convide.
Lá, a comunicação será muito mais fácil. Aguardo você.
Gerson Jorge
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Até a volta
Estou
indo pro meio do mato. Um pouco em busca de paz, na busca de mim
mesmo; um pouco na busca da civilização. Meu coração se afastará das notícias
ruins, das manchetes desumanas sobre os atos da Humanidade.
A
esperança de que na volta tudo esteja melhor ainda existe. “A esperança é a última que morre”. Pois é... Um dia acaba morrendo.
Amigos frequentadores deste blog, até 15 de maio. Que de fato tudo melhore, e que novas
atitudes queimem minha língua. Que a
paz seja possível!
Gerson Jorge
segunda-feira, 2 de julho de 2012
DE TODA MANEIRA
Gravação Preta Gil --------- CLIQUE PARA OUVIR
O vaivém não para, na cidade o jogo se mantém.
Na ginga, irmão... Concreta poesia, o traço que o arquiteto imaginou.
Nos olhos dessa gente, minha gente, vê-se tudo bem... Até quanto tá mal.
É quase inacreditável o seu poder de acreditar.
De toda maneira... De toda maneira será...
E na descida da ladeira a poesia aqui chegou
E disse pro mar: quem foi que disse que é tolice a crendice popular?
Tocando a vida e a viola, bom de bola e vencedor
Com seu bom-humor, quando se toca o brasileiro, a tristeza já passou.
De toda maneira... De toda maneira será
Sempre sol de verão, sempre lua e estrela.
De toda maneira... De toda maneira será
Sempre no coração, muita ginga, bossa, nossa dança.
Céu azul, eô... Povo acordou rindo à toa.
O vaivém não para, na cidade o jogo se mantém.
Na ginga, irmão... Concreta poesia, o traço que o arquiteto imaginou.
Nos olhos dessa gente, minha gente, vê-se tudo bem... Até quanto tá mal.
É quase inacreditável o seu poder de acreditar.
De toda maneira... De toda maneira será...
E na descida da ladeira a poesia aqui chegou
E disse pro mar: quem foi que disse que é tolice a crendice popular?
Tocando a vida e a viola, bom de bola e vencedor
Com seu bom-humor, quando se toca o brasileiro, a tristeza já passou.
De toda maneira... De toda maneira será
Sempre sol de verão, sempre lua e estrela.
De toda maneira... De toda maneira será
Sempre no coração, muita ginga, bossa, nossa dança.
Céu azul, eô... Povo acordou rindo à toa.
domingo, 1 de julho de 2012
Da insuficiente bisnaga à falta de pano
Que tal fazermos a revolução? A começar pelos tiranos. E por esses tantos anos de hipocrisia e corrupção. Que tal fazermos a revolução? A começar por nossos medos e ganâncias, a começar por uma nova infância, livre dos males e defeitos da Nação.
Que tal fazermos a revolução? A começar por nossos olhos, com esse olhar maldito de não enxergar os próprios erros. Que tal fazermos a revolução? A começar por tanto ódio, e terminar com essa mania de que no dia seguinte tudo estará bem. A começar também pelo preço que se paga por um leito no hospital, pela insuficiente bisnaga, pelo coração demente, pela falta de vaga, por uma vida decente, simples, banal... Pelo vento que não levou, pelo leite e o pão que o diabo amassou.
Que tal fazermos a revolução? A começar pelas armas em nossas mãos. A começar por nos livrarmos de tudo que incomoda, o excesso de medo, a abundância de moda. Que tal fazermos a revolução? A começar pela casa, o vizinho, o quarteirão... E invadir o coração alheio, e se meter no meio de tanta escuridão. A começar pela luz que desgoverna, pelo poder que a velha engrenagem emperra, a continuar com a malandragem que nos enterra, feito avestruz, sem luz e sem direção.
Que tal fazermos a revolução? A começar pela falta de toque, de classe. A começar pela união da classe, pelas ruas, pelos cantos, pelas salas - de não estar, de não jantar, ou de aulas. A começar com as jaulas que se espalham em cada residência. Por tudo que torna impossível a sobrevivência, por tudo que nos faz perder a consciência... Do belo, do simples, do amor, do humano.
Que tal fazermos a revolução? Do excesso de zelo, da falta de pano, pra fechar o velho palco e começar tudo de novo. Que tal fazermos a revolução? Da consciência, do coração, do ato... Que tal sermos de fato um povo?
Que tal fazermos a revolução? A começar por nossos olhos, com esse olhar maldito de não enxergar os próprios erros. Que tal fazermos a revolução? A começar por tanto ódio, e terminar com essa mania de que no dia seguinte tudo estará bem. A começar também pelo preço que se paga por um leito no hospital, pela insuficiente bisnaga, pelo coração demente, pela falta de vaga, por uma vida decente, simples, banal... Pelo vento que não levou, pelo leite e o pão que o diabo amassou.
Que tal fazermos a revolução? A começar pelas armas em nossas mãos. A começar por nos livrarmos de tudo que incomoda, o excesso de medo, a abundância de moda. Que tal fazermos a revolução? A começar pela casa, o vizinho, o quarteirão... E invadir o coração alheio, e se meter no meio de tanta escuridão. A começar pela luz que desgoverna, pelo poder que a velha engrenagem emperra, a continuar com a malandragem que nos enterra, feito avestruz, sem luz e sem direção.
Que tal fazermos a revolução? A começar pela falta de toque, de classe. A começar pela união da classe, pelas ruas, pelos cantos, pelas salas - de não estar, de não jantar, ou de aulas. A começar com as jaulas que se espalham em cada residência. Por tudo que torna impossível a sobrevivência, por tudo que nos faz perder a consciência... Do belo, do simples, do amor, do humano.
Que tal fazermos a revolução? Do excesso de zelo, da falta de pano, pra fechar o velho palco e começar tudo de novo. Que tal fazermos a revolução? Da consciência, do coração, do ato... Que tal sermos de fato um povo?
Gerson Jorge
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Última Mente
Eu tenho andado muito musical ultimamente.
Não sei por que cargas d’água
Tenho afogado minhas mágoas
Ao som de poetas, músicos e bêbados permanentes.
A música abre meus caminhos, ilumina meus sonhos
Corre em minhas veias.
Na rua o menino morre de frio, sem cobertor
Com fome, sem meias.
Do frio da rua aos pés na Lua, a solidão é a mesma.
É a lesma, nojenta e lenta, que atormenta o ofício
Que leva ao tédio e ao vício.
É a lesma, nojenta e lenta, que atormenta o ofício
Que leva ao tédio e ao vício.
Eu deveria agradecer, diante da música
Por ter ouvidos para ouvir.
E é o que acabo fazendo invariavelmente.
Aliás, é o mínimo que posso fazer.
Por ter ouvidos para ouvir.
E é o que acabo fazendo invariavelmente.
Aliás, é o mínimo que posso fazer.
Mas o que posso fazer?
Se em todo canto ouço o canto da sereia
Se me atrapalho com traços, troços e teias
Se o atalho que me oferecem quase sempre é desonesto.
Afinal, no final a culpa sempre é dos outros ou do resto...
E eu me perdoo dando esmolas no primeiro sinal.
Eu venho achando tudo normal ultimamente.
Desde a bala perdida ao corpo fechado
Da falta de assunto ao lixo amontoado
Da falta de procura ao excesso de oferta
Da falta de cultura à TV aberta
Da esperança que se tem ao voto que não se acerta.
Se em todo canto ouço o canto da sereia
Se me atrapalho com traços, troços e teias
Se o atalho que me oferecem quase sempre é desonesto.
Afinal, no final a culpa sempre é dos outros ou do resto...
E eu me perdoo dando esmolas no primeiro sinal.
Eu venho achando tudo normal ultimamente.
Desde a bala perdida ao corpo fechado
Da falta de assunto ao lixo amontoado
Da falta de procura ao excesso de oferta
Da falta de cultura à TV aberta
Da esperança que se tem ao voto que não se acerta.
Eu tenho andado muito emocionado ultimamente
E de emoção o meu coração se alimenta.
Lá fora, a chuva fria é de cortar o coração...
Dito assim, à luz do dia, como poesia, não parece ruim
Mas cortar mesmo o coração
É descobrir o vazio por dentro
É escancarar a falta de sentimento
De corações ocos
De quem se importa muito pouco com a vida alheia.
Mas é a música, é o canto das sereias...
A cada estação da vida, mais cheio o trem
Mais vazio o estômago.
Dentro do meu carro blindado
Atrás das grades do meu jardim
Estou bem alimentado.
Sentado à mesa, vazia, além de mim
Tomo o chá das cinco.
À moda antiga, o rádio toca:
A lua furando o nosso zinco
E eu nem me toco que faço parte
Desse estranho festival.
Eu tenho andado atrás de um ideal.
O sujeito tem de ter um objetivo na vida!
O que vim fazer por aqui?
Essa história de não tô nem aí
Tem validade...
Depois de certa idade
É sempre mais difícil dizer sim ou não.
É quando o medo inventa o talvez.
O sujeito tem de ter um objetivo na vida!
O que vim fazer por aqui?
Essa história de não tô nem aí
Tem validade...
Depois de certa idade
É sempre mais difícil dizer sim ou não.
É quando o medo inventa o talvez.
Eu queria pelo menos uma vez
Olhar no espelho e, olho no olho, me dizer:
Missão cumprida.
Enquanto isso não acontece
Vou levando a vida...
O coração finge que não vê, ou esquece.
Olhar no espelho e, olho no olho, me dizer:
Missão cumprida.
Enquanto isso não acontece
Vou levando a vida...
O coração finge que não vê, ou esquece.
E eu sei por que cargas d’água
Vou afogando minhas mágoas
No bloco dos eus sozinhos...
Na falta de caminhos ou de crença
Não importa de que lado
Contanto que se vença
Nesse mar de gente, sigo em frente
Pecando o pior dos pecados
A indiferença.
Vou afogando minhas mágoas
No bloco dos eus sozinhos...
Na falta de caminhos ou de crença
Não importa de que lado
Contanto que se vença
Nesse mar de gente, sigo em frente
Pecando o pior dos pecados
A indiferença.
Gerson Jorge
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Velhas Canções
Vejo nuvens no céu... E uma previsão de sol dentro de mim
Horizontes azuis... Quero navegar no mar de luz no seu olhar
Somos tão iguais
Que é natural querer você comigo
Doces animais a sobreviver... Paixão, prazer, perigo
E eu quero só caminhar sobre um chão de terra
Sem verão, solidão, sem inverno ou guerra
Ouço velhas canções que o tempo esqueceu dentro de mim
Guardo sonhos demais e uma sensação de paz no seu olhar
Sobre um chão de terra quero só caminhar
Horizontes azuis... Quero navegar no mar de luz no seu olhar
Somos tão iguais
Que é natural querer você comigo
Doces animais a sobreviver... Paixão, prazer, perigo
E eu quero só caminhar sobre um chão de terra
Sem verão, solidão, sem inverno ou guerra
Ouço velhas canções que o tempo esqueceu dentro de mim
Guardo sonhos demais e uma sensação de paz no seu olhar
Sobre um chão de terra quero só caminhar
......................Gerson Jorge
terça-feira, 1 de maio de 2012
Coragem rima com Viagem
Resolvi criar coragem e encarar um avião. As perguntas serão interrompidas por um motivo muito justo: estarei em Portugal até 20 de fevereiro. Até a volta.
Enquanto isso deixo um trecho de um panfleto do Detran, de sua campanha nos sinais de trânsito. O erro de gramática não invalida a excelente campanha de conscientização dos motoristas. Porém, ficaria tudo 100% se tivesse sido evitado.
Enquanto isso deixo um trecho de um panfleto do Detran, de sua campanha nos sinais de trânsito. O erro de gramática não invalida a excelente campanha de conscientização dos motoristas. Porém, ficaria tudo 100% se tivesse sido evitado.
domingo, 18 de dezembro de 2011
O lado bom da globalização
Um show. Impressionante.
As pessoas não se conhecem, os lugares são muitos e distantes uns dos outros, as atuações são ao ar livre. Apesar disso tudo, a pureza musical.
Maravilha que junta pessoas de todo o mundo, sentindo e falando a linguagem universal: a música. Momentos assim fazem-nos ainda ter alguma esperança, fazem-nos pensar que "não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual, mas seres espirituais tendo uma experiência humana".
As pessoas não se conhecem, os lugares são muitos e distantes uns dos outros, as atuações são ao ar livre. Apesar disso tudo, a pureza musical.
Maravilha que junta pessoas de todo o mundo, sentindo e falando a linguagem universal: a música. Momentos assim fazem-nos ainda ter alguma esperança, fazem-nos pensar que "não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual, mas seres espirituais tendo uma experiência humana".
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
DJANOH ANI NAUEIRA
Gravação Swingtribo
Donguedô anitsouê, guetá onaui quê... Djanoh ani náua
O vento traz uma canção ribeira... Djanoh Ani Naueira
Em Bagdá, Cancun ou Madureira... Djanoh Ani Naueira
Amor de cá, a flor de Laranjeira... Djanoh Ani Naueira
Num passe de mágica, voar, voar, voar... E deixar a canção te levar
Sem segredos, modas, medos, bem ou mal... Djanoh Ani Naueira
O vento traz uma canção ribeira... Djanoh Ani Naueira
A sensação azul de brincadeira... Djanoh Ani Naueira
Ouvindo o som de um mundo sem fronteiras... Djanoh Ani Naueira
Donguedô anitsouê, guetá onaui quê... Djanoh ani náua
O vento traz uma canção ribeira... Djanoh Ani Naueira
Em Bagdá, Cancun ou Madureira... Djanoh Ani Naueira
Amor de cá, a flor de Laranjeira... Djanoh Ani Naueira
Num passe de mágica, voar, voar, voar... E deixar a canção te levar
Sem segredos, modas, medos, bem ou mal... Djanoh Ani Naueira
O vento traz uma canção ribeira... Djanoh Ani Naueira
A sensação azul de brincadeira... Djanoh Ani Naueira
Ouvindo o som de um mundo sem fronteiras... Djanoh Ani Naueira
domingo, 11 de dezembro de 2011
Da Cidade das Serestas ao Bloco Vai-Quem-Vem
Muito já se falou sobre Conservatória, sua simplicidade, seus encantos, suas casas com nome de música, a serenata que corre a cidade durante a madrugada... Não sou o primeiro, nem serei o último, a se emocionar com a paz e a tranquilidade desse lugar simplesmente encantado, ou encantadoramente simples. Perdi a conta de quantas vezes estive por lá, a primeira em janeiro de 1983.
Desde então, durante mais de 25 anos passei férias, feriados e fins de semana no Hotel Fazenda Vilarejo. Lá, criamos uma família, filhos cresceram juntos. Os meus mais velhos desde 7 e 5 anos de idade; o mais novo, desde a barriga.
Hoje somos um grande grupo - se contarmos todos os cúmplices, passamos de 300 - que se encontra no Rio de Janeiro. Desde a turma que tem hoje por volta de 12 anos até os que já passaram dos 30, além de todos os pais. Nós nos encontramos, todos os anos, no Carnaval de Conservatória, mais precisamente no Carnaval do Hotel Vilarejo.
A culpa é de Lili e João, desse casal anfitrião maravilhoso. Sua família se juntou a de todos nós, desde que tudo começou. Sem perder a simplicidade, sem esmorecer na luta, cultivando a humildade e a sabedoria de quem trabalha – e muito – pondo o coração no dia a dia.
Em 1995, fundamos o nosso bloco, o Vai-Quem-Vem. Com orgulho dizemos que nosso bloco não cabe na avenida. Para que o final do bloco chegue à praça da apoteose de lá, é preciso seguir em frente, muito além do fim da rua. Porém, com muito mais orgulho podemos dizer que, se nosso bloco não cabe na avenida, “tanto riso, tanta alegria” não cabem dentro de nós.
Não há competição, não há jurados, notas, concorrentes ou inimigos. Apenas a alegria de pôr os pés na avenida e a boca no mundo. Cantando os sambas que, no fim das contas, falam de nós mesmos, de tudo que vivemos nesses anos todos. Coube a mim fazer as letras dos nossos enredos, emolduradas por melodias sempre marcantes: duas delas com Ruy Quaresma – meu parceiro musical há mais de 40 anos; treze em parceria com Lúcia e Orlando – amigos e parceiros de samba e de Vilarejo desde o início.
Convervatória e o Vilarejo estão lá, à espera de quem quiser sorrir. Nosso Carnaval continua, sempre pronto a receber mais um folião que queira curtir. Os sambas estão aí do lado, à espera de quem quiser ouvir.
Hoje somos um grande grupo - se contarmos todos os cúmplices, passamos de 300 - que se encontra no Rio de Janeiro. Desde a turma que tem hoje por volta de 12 anos até os que já passaram dos 30, além de todos os pais. Nós nos encontramos, todos os anos, no Carnaval de Conservatória, mais precisamente no Carnaval do Hotel Vilarejo.
A culpa é de Lili e João, desse casal anfitrião maravilhoso. Sua família se juntou a de todos nós, desde que tudo começou. Sem perder a simplicidade, sem esmorecer na luta, cultivando a humildade e a sabedoria de quem trabalha – e muito – pondo o coração no dia a dia.
Em 1995, fundamos o nosso bloco, o Vai-Quem-Vem. Com orgulho dizemos que nosso bloco não cabe na avenida. Para que o final do bloco chegue à praça da apoteose de lá, é preciso seguir em frente, muito além do fim da rua. Porém, com muito mais orgulho podemos dizer que, se nosso bloco não cabe na avenida, “tanto riso, tanta alegria” não cabem dentro de nós.
Não há competição, não há jurados, notas, concorrentes ou inimigos. Apenas a alegria de pôr os pés na avenida e a boca no mundo. Cantando os sambas que, no fim das contas, falam de nós mesmos, de tudo que vivemos nesses anos todos. Coube a mim fazer as letras dos nossos enredos, emolduradas por melodias sempre marcantes: duas delas com Ruy Quaresma – meu parceiro musical há mais de 40 anos; treze em parceria com Lúcia e Orlando – amigos e parceiros de samba e de Vilarejo desde o início.
Convervatória e o Vilarejo estão lá, à espera de quem quiser sorrir. Nosso Carnaval continua, sempre pronto a receber mais um folião que queira curtir. Os sambas estão aí do lado, à espera de quem quiser ouvir.
Gerson Jorge
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
De olho na ARTE alheia
Que coisa maravilhosa essa tal da ARTE. Como disse minha amiga Isabela quando me mandou por email: "impossível não gostar". ----------------------------------------------------Basta CLICAR & VIAJAR.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Velho trem
São os filhos da miséria
Os profetas e as massas
Os herdeiros das promessas
São os pombos pela praça
Todos querem ver multiplicar
Todos querem pão
Brilho de esperança no olhar
Tanta solidão
No ar
São as teias do mistério...
São os fios de esperança. São cadeias de estrelas nos olhares das crianças
Todos querem ver iluminar o seu coração
Brilho de esperança no olhar... Tanta solidão no ar
Os profetas e as massas
Os herdeiros das promessas
São os pombos pela praça
Todos querem ver multiplicar
Todos querem pão
Brilho de esperança no olhar
Tanta solidão
No ar
São as teias do mistério...
São os fios de esperança. São cadeias de estrelas nos olhares das crianças
Todos querem ver iluminar o seu coração
Brilho de esperança no olhar... Tanta solidão no ar
É pegar o trem... Ou então ficar
Esse vaivém aonde vai dar?
Esse velho trem...
Aonde vai dar esse velho trem?
Gerson Jorge
Esse vaivém aonde vai dar?
Esse velho trem...
Aonde vai dar esse velho trem?
Gerson Jorge
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
De volta ao Brasil
Cheguei, trazendo na
bagagem um pouco da beleza de Portugal e da amabilidade de seu povo.
Que banho de hospitalidade, de respeito, de ordem. Como é fácil andar
pela terrinha de onde meu avô veio. Um turismo carregado de harmonia e de muita cultura. Mais um aprendizado em minha vida. Voltarei lá um dia,
com certeza.
Por enquanto, voltamos ao dia a dia. As perguntas também estarão de volta amanhã. segunda-feira, 24 de outubro de 2011
CaleidoscópioCaleidoscópioCaleidoscópioCaleidoscópio
A minha retina
Se parte em fragmentos
Pedaços da vida diária
Ordinária e violenta
A minha retina
É um caleidoscópio
De caras de todas as cores
Rumores e mares e ventos
A minha rotina
Se parte em sentimentos
Perdidos no tráfego
Ou dormindo em viadutos
Na dança das horas
A solidão rompe as madrugadas
À procura de tudo, a troco de nada
A morte a cada minuto
Se parte em fragmentos
Pedaços da vida diária
Ordinária e violenta
A minha retina
É um caleidoscópio
De caras de todas as cores
Rumores e mares e ventos
A minha rotina
Se parte em sentimentos
Perdidos no tráfego
Ou dormindo em viadutos
Na dança das horas
A solidão rompe as madrugadas
À procura de tudo, a troco de nada
A morte a cada minuto
A minha rotina
Nunca me dá um tempo
Como um peixe, na rede
Navego investimentos
Como um peixe fora dágua
Salto abismos, mergulho em mágoas
Assisto assustado a mais um filme
Mas o herói é o mesmo
A vida se perde em palavras
E o futuro é um efeito especial
Gerson Jorge
domingo, 23 de outubro de 2011
Até quando...
Vergonha. É o que hoje deveríamos sentir ao lembrar as reclamações que andamos fazendo pela vida. Como pudemos reclamar tanto por tão pouco?
TVs, jornais, revistas... Toda a mídia estampa: “Pai e filho, soterrados e lutando pela vida. O pai cavando debaixo da terra para conseguir se aproximar do filho, acolhendo-o, produzindo saliva e passando ao filho com a língua em sua boca, para mantê-lo hidratado. Depois, o contato com o lado de fora, e finalmente o resgate.”
Só a calma de Deus pode atuar dessa forma. Que feito incrível e divino! Assim como esse pai, outras pessoas se agarraram à chance que havia: a mão amiga, uma corda, um barco, um aviso. Porém, antes de qualquer coisa, se agarraram a Deus. Para chegar ao lado de fora, tiveram de passar pelo de dentro. Lá no fundo de suas almas buscaram a força divina, o seu Deus interior... E “ressuscitaram”.
No meio de tanta perda, de tanta desgraça, a notícia boa (como sempre) é a solidariedade. Gigantesca solidariedade. Infinita solidariedade. Porém, temporária: dura enquanto durar a desgraça. Depois nos esquecemos (também como sempre) uns dos outros. Não estou falando de nossos amigos ou familiares, mas dos outros – esses ilustres desconhecidos.
Até quando... Até quando os semelhantes ao nosso redor e o Deus dentro de nós serão temporários? Quantas perdas serão necessárias para que nos tornemos outro Universo, outro Planeta, outros países, outras cidades, outros EUS? Até quando, meu Deus?
TVs, jornais, revistas... Toda a mídia estampa: “Pai e filho, soterrados e lutando pela vida. O pai cavando debaixo da terra para conseguir se aproximar do filho, acolhendo-o, produzindo saliva e passando ao filho com a língua em sua boca, para mantê-lo hidratado. Depois, o contato com o lado de fora, e finalmente o resgate.”
Só a calma de Deus pode atuar dessa forma. Que feito incrível e divino! Assim como esse pai, outras pessoas se agarraram à chance que havia: a mão amiga, uma corda, um barco, um aviso. Porém, antes de qualquer coisa, se agarraram a Deus. Para chegar ao lado de fora, tiveram de passar pelo de dentro. Lá no fundo de suas almas buscaram a força divina, o seu Deus interior... E “ressuscitaram”.
No meio de tanta perda, de tanta desgraça, a notícia boa (como sempre) é a solidariedade. Gigantesca solidariedade. Infinita solidariedade. Porém, temporária: dura enquanto durar a desgraça. Depois nos esquecemos (também como sempre) uns dos outros. Não estou falando de nossos amigos ou familiares, mas dos outros – esses ilustres desconhecidos.
Até quando... Até quando os semelhantes ao nosso redor e o Deus dentro de nós serão temporários? Quantas perdas serão necessárias para que nos tornemos outro Universo, outro Planeta, outros países, outras cidades, outros EUS? Até quando, meu Deus?
Gerson Jorge
sábado, 22 de outubro de 2011
Iguais diferenças
Um poema coletivo feito em sala de aula, em 2004. Criação de Ilécio, Márcia Águas, Márcia Cardia e Regina. Publicado no livro "Com Quantas Mãos se Faz um Poema".
Olhar o outro em busca do ser...
Somos iguais. Diferentes em quê?
Não somos iguais, por quê?
Ainda bem que não somos iguais.
Que sem graça seria
Olhar o outro e nos enxergarmos como um reflexo de espelho.
O reflexo, além de sem graça, pode trazer muitas surpresas.
Olhar o outro e nos enxergarmos como um reflexo de espelho.
O reflexo, além de sem graça, pode trazer muitas surpresas.
Que surpresas? Somos iguais. Diferentes em quê?
O reflexo do espelho, em qualquer situação, não é nada agradável...
Pode trazer um sentimento de Igualdade que nos deixe frustrados.
Além do outro, do porquê... Nada a fazer
A não ser compreender que não somos nada quando sós
E que a vida é o reflexo de nós.
Além do outro, além do porquê
A nossa voz, e de tantos iguais, ou diferentes de nós.
A nossa voz, e de tantos iguais, ou diferentes de nós.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Quase um século
Nasci no Estácio, onde passei parte da infância; depois, Andaraí, Grajaú e Tijuca. Porém, além de todos esses lugares - explorados pela ousadia da minha idade – minha lembrança feliz me leva ainda a um antigo bairro: Cascadura.
Lá, curtia os papos inteligentes do meu tio (de quem herdei o nome) Gerson. Discutíamos suas invenções, ficávamos imaginando a cena de um avião caindo sobre suas costas. Sim, porque isso aconteceu mesmo! O avião estava parado e ele debaixo, cuidando das avarias.
Brincava com meus primos, e amigos que sempre se juntavam a nós. Verinha, sempre mais próxima, pela idade. Jairinho, um pouco mais velho, era visto como nosso “protetor”.
Era distante, pois não tínhamos carro e a ida era de ônibus. Meus pais – lá de cima, com certeza estão felizes e concordando -, mesmo com a situação difícil de funcionário público e professora primária, sempre nos levaram a muitos passeios. Todos como Cascadura, onde ficávamos livres, brincando e correndo pela rua, descalços e sem medo do alheio.
Com o tempo, envolvimentos e estresses de cada um, os contatos familiares foram acontecendo com menos frequência. Mas a família Jorge sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida. Lá se vão mais de 50 anos. Quantos bolos (maravilhosos) de aniversário tia Lenira fez pra nós!
O bolo agora é dela, da querida tia Lenira. É uma bênção chegar aos 90 anos, lúcida e capaz de carinho. É o fruto colhido depois de tanta amizade plantada, é a resposta divina para tanta dedicação aos outros.
Desejar toda felicidade do mundo a você, tia Lenira, é desnecessário. Você já teve. Foi o que passou pra nós. Domingo, estaremos juntos, embora você nunca tenha saído de perto de mim, das minhas lembranças, do meu coração.
Quase um século... De bondade, de juventude, de simplicidade, de atitude. Que a humanidade retorne ao seio da família, e que as famílias produzam exemplos, que as Leniras aconteçam por aí, para que o mundo cresça... Descalço e livre.
Lá, curtia os papos inteligentes do meu tio (de quem herdei o nome) Gerson. Discutíamos suas invenções, ficávamos imaginando a cena de um avião caindo sobre suas costas. Sim, porque isso aconteceu mesmo! O avião estava parado e ele debaixo, cuidando das avarias.
Brincava com meus primos, e amigos que sempre se juntavam a nós. Verinha, sempre mais próxima, pela idade. Jairinho, um pouco mais velho, era visto como nosso “protetor”.
Era distante, pois não tínhamos carro e a ida era de ônibus. Meus pais – lá de cima, com certeza estão felizes e concordando -, mesmo com a situação difícil de funcionário público e professora primária, sempre nos levaram a muitos passeios. Todos como Cascadura, onde ficávamos livres, brincando e correndo pela rua, descalços e sem medo do alheio.
Com o tempo, envolvimentos e estresses de cada um, os contatos familiares foram acontecendo com menos frequência. Mas a família Jorge sempre esteve presente em todos os momentos da minha vida. Lá se vão mais de 50 anos. Quantos bolos (maravilhosos) de aniversário tia Lenira fez pra nós!
O bolo agora é dela, da querida tia Lenira. É uma bênção chegar aos 90 anos, lúcida e capaz de carinho. É o fruto colhido depois de tanta amizade plantada, é a resposta divina para tanta dedicação aos outros.
Desejar toda felicidade do mundo a você, tia Lenira, é desnecessário. Você já teve. Foi o que passou pra nós. Domingo, estaremos juntos, embora você nunca tenha saído de perto de mim, das minhas lembranças, do meu coração.
Quase um século... De bondade, de juventude, de simplicidade, de atitude. Que a humanidade retorne ao seio da família, e que as famílias produzam exemplos, que as Leniras aconteçam por aí, para que o mundo cresça... Descalço e livre.
Gerson Jorge
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
De olho na ARTE alheia
Não tenho palavras para descrever a emoção diante do brilho da Arte. Sim, Arte com letra maiúscula: o equilíbrio perfeito entre força e ternura, entre melodia e dança, entre razão e paixão.
Assistam: TANGO VERTICAL
sábado, 17 de setembro de 2011
Coelhos na cartola
Eu vou tirar velhos coelhos da cartola
E bater bola com o sol que bate em meu quintal
Matar no peito a mentira que ainda rola
E publicar minhas verdades no jornal.
Em todos nós a mesma voz, um novo povo. A história traz... E assim se faz uma nação.
Fica a vontade, começar tudo de novo; o pé no chão e esses Brasis no coração.
E bater bola com o sol que bate em meu quintal
Matar no peito a mentira que ainda rola
E publicar minhas verdades no jornal.
Quando a notícia se espalhar manhã seguinte
Homens comuns, constituintes, marginais
Vão ouvir na voz do rádio os seus ouvintes
Que sem requinte vão dizer que nunca mais.
A multidão se manterá de sol à lua
Já tão cansada de promessas tão gentis.
Reagirá, e mostrará o olho da rua
- A vez é sua, corte o mal pela raiz!
Em todos nós a nova voz, o velho hino. Ficam pra trás as atitudes tão hostis
Fica a idade e a emoção de um menino; o pé no chão e o coração nesses Brasis...
Homens comuns, constituintes, marginais
Vão ouvir na voz do rádio os seus ouvintes
Que sem requinte vão dizer que nunca mais.
A multidão se manterá de sol à lua
Já tão cansada de promessas tão gentis.
Reagirá, e mostrará o olho da rua
- A vez é sua, corte o mal pela raiz!
Em todos nós a nova voz, o velho hino. Ficam pra trás as atitudes tão hostis
Fica a idade e a emoção de um menino; o pé no chão e o coração nesses Brasis...
Em todos nós a mesma voz, um novo povo. A história traz... E assim se faz uma nação.
Fica a vontade, começar tudo de novo; o pé no chão e esses Brasis no coração.
Gerson Jorge
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Por um fio
O amor está sempre por um fio
Acima do vazio das mágoas...
O amor é como um rio
Que corre suas águas no leito dos anos
E deságua macio no oceano.
O amor é como um fio de esperança que sustenta
Que alimenta o coração do amante...
É o passado distante, o presente adiante.
O amor é cada instante da travessia entre dois corações.
O amor não tem respostas nem questões
O amor é o pé descalço que samba
Na corda bamba das emoções.
Acima do vazio das mágoas...
O amor é como um rio
Que corre suas águas no leito dos anos
E deságua macio no oceano.
O amor é como um fio de esperança que sustenta
Que alimenta o coração do amante...
É o passado distante, o presente adiante.
O amor é cada instante da travessia entre dois corações.
O amor não tem respostas nem questões
O amor é o pé descalço que samba
Na corda bamba das emoções.
Gerson Jorge
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Cadeira para secretária sem braço
Solicitamos cadeira para secretária sem braço. Esta frase não é meramente um exemplo didático, foi retirada da correspondência de uma grande empresa.
Com certeza o solicitante sabia o que estava pedindo. Mas o que dizer da “compreensão” do fornecedor? Um texto empresarial não admite interpretação. Só deve haver uma única mensagem a comunicar. Pior do que o não entendimento é o entendimento não esperado. O não entendimento para o processo, e a dúvida pode ser desfeita; o entendimento não esperado pode fatalmente levar a uma ação equivocada.
A palavra pode ser aliada ou inimiga, mas sem comunicação não existimos. Com base na consagrada afirmativa "o homem é um ser social por natureza", pode-se afirmar: solidão é a ausência de comunicação. Na prática tal constatação se reflete no papel importante que a Comunicação tem assumido. Cada vez mais, empresas têm dado destaque à Comunicação, falada ou escrita.
Neste contexto, há um provérbio chinês muito interessante: Se dois homens vêm andando por uma estrada - cada um carregando um pão - e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um. Se dois homens vêm andando por uma estrada - cada um carregando uma idéia - e, ao se encontrarem, eles trocam as ideias, cada homem vai embora com duas.
E é dentro dessa importância, dessa abrangência da Comunicação, que enfrentamos nossas tarefas diárias, entre palavras e sentimentos. Proporcionamos alegrias ou causamos enganos. Abrimos portas, ou nos fechamos incompreendidos. Levamos uma plateia ao delírio, ao silêncio emocionado; ou falamos pra nós mesmos, no vazio do que dizemos.
O que nos faz escutar uma pessoa durante horas? O que não nos permite sequer dar atenção a outras durante poucos minutos? Mais do que as palavras escolhidas, a verdade no que está sendo dito é que nos prende. Palavras sem sentimento nada dizem, são corpos sem alma cuja carne apodrece. Costumo dizer que a Comunicação começa antes da Gramática e vai além dela. A Gramática em si nada significa. Ela deve estar a serviço da Comunicação.
Portanto, a crença no que estamos falando ou escrevendo é a responsável pela empatia com nosso ouvinte ou leitor. Se não acreditamos no que dizemos, de nada adiantam a beleza do vocabulário e a perfeição do texto. Paralelamente, o uso correto da Gramática tornará o texto compreensível.
Existem recomendações importantes na Comunicação. A repetição de palavras ou de ideias deve ser evitada. A repetição de palavras denota vocabulário escasso; a repetição de ideias aparenta falta de conhecimento geral e até mesmo insegurança. Períodos longos também dificultam o entendimento, pois levam ao excesso de vírgulas e de conectivos. Além disso, o foco não pode estar em quem comunica ou no que é comunicado, mas no ouvinte, no leitor.
Seguindo-se tais recomendações terminam os riscos? Ainda não. O texto empresarial, mais do que qualquer outro, requer preparação anterior à escrita. Antes de colocar as palavras no papel, é preciso “perder” um tempo razoável com a organização: relacionar os assuntos; selecionar os realmente imprescindíveis; juntar os afins; e, finalmente, estabelecer prioridades, definindo a ordem em que deverão ser escritos. Só então desenvolver a escrita. O resultado final será, com certeza, um texto fácil de ser entendido. Praticar este método é uma das ferramentas de um bom curso de Redação.
Infelizmente sempre houve uma grande distância entre o que estudamos na Língua Portuguesa e aquilo que utilizamos no dia a dia. Perdemos muito tempo de nossas vidas decorando regras e recebendo muitas vezes informações desnecessárias ou erradas. Ocupamos nossas mentes com o menos importante, deixando de lado o essencial: o relacionamento das palavras, a estrutura da frase.
E havia os famosos “macetes”, os chamados facilitadores do aprendizado. Muitos dão resultado. Alguns, entretanto, são danosos. - Respirou, bota vírgula! Quantos de nós não tivemos tal orientação do professor? Isto é um enorme equívoco. A pontuação não é uma questão respiratória, é uma questão lógica. A pontuação é uma questão tão lógica que é capaz de mudar significados. Uma pequena vírgula pode fazer uma grande diferença: Encontramos seu irmão mais velho. Encontramos seu irmão, mais velho.
Todos podem melhorar seu texto, ganhar segurança e dominar a Comunicação. A questão é o foco. Quando olhamos na direção certa, tudo fica mais fácil. A Língua Portuguesa não é difícil, a forma de lidar com ela é que a torna distante. A importância não está nos nomes, e sim nas relações. Palavras sozinhas podem não dizer nada, ou até dizer demais. Quando relacionadas ganham vida, tornam-se mensagem, que deve ser clara e objetiva. E isso não se consegue decorando nomes ou regras, mas praticando, compreendendo e vivendo as estruturas e, consequentemente, o texto.
Comunicamos mal porque não estamos bem? Ou não estamos bem porque comunicamos mal? Não sei... E talvez nunca saiba. Mas, depois de tantos anos lidando com o Ensino, e por isso aprendendo, de uma coisa eu sei: Não há um caminho que leva à Comunicação, a Comunicação é o caminho.
Com certeza o solicitante sabia o que estava pedindo. Mas o que dizer da “compreensão” do fornecedor? Um texto empresarial não admite interpretação. Só deve haver uma única mensagem a comunicar. Pior do que o não entendimento é o entendimento não esperado. O não entendimento para o processo, e a dúvida pode ser desfeita; o entendimento não esperado pode fatalmente levar a uma ação equivocada.
A palavra pode ser aliada ou inimiga, mas sem comunicação não existimos. Com base na consagrada afirmativa "o homem é um ser social por natureza", pode-se afirmar: solidão é a ausência de comunicação. Na prática tal constatação se reflete no papel importante que a Comunicação tem assumido. Cada vez mais, empresas têm dado destaque à Comunicação, falada ou escrita.
Neste contexto, há um provérbio chinês muito interessante: Se dois homens vêm andando por uma estrada - cada um carregando um pão - e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um. Se dois homens vêm andando por uma estrada - cada um carregando uma idéia - e, ao se encontrarem, eles trocam as ideias, cada homem vai embora com duas.
E é dentro dessa importância, dessa abrangência da Comunicação, que enfrentamos nossas tarefas diárias, entre palavras e sentimentos. Proporcionamos alegrias ou causamos enganos. Abrimos portas, ou nos fechamos incompreendidos. Levamos uma plateia ao delírio, ao silêncio emocionado; ou falamos pra nós mesmos, no vazio do que dizemos.
O que nos faz escutar uma pessoa durante horas? O que não nos permite sequer dar atenção a outras durante poucos minutos? Mais do que as palavras escolhidas, a verdade no que está sendo dito é que nos prende. Palavras sem sentimento nada dizem, são corpos sem alma cuja carne apodrece. Costumo dizer que a Comunicação começa antes da Gramática e vai além dela. A Gramática em si nada significa. Ela deve estar a serviço da Comunicação.
Portanto, a crença no que estamos falando ou escrevendo é a responsável pela empatia com nosso ouvinte ou leitor. Se não acreditamos no que dizemos, de nada adiantam a beleza do vocabulário e a perfeição do texto. Paralelamente, o uso correto da Gramática tornará o texto compreensível.
Existem recomendações importantes na Comunicação. A repetição de palavras ou de ideias deve ser evitada. A repetição de palavras denota vocabulário escasso; a repetição de ideias aparenta falta de conhecimento geral e até mesmo insegurança. Períodos longos também dificultam o entendimento, pois levam ao excesso de vírgulas e de conectivos. Além disso, o foco não pode estar em quem comunica ou no que é comunicado, mas no ouvinte, no leitor.
Seguindo-se tais recomendações terminam os riscos? Ainda não. O texto empresarial, mais do que qualquer outro, requer preparação anterior à escrita. Antes de colocar as palavras no papel, é preciso “perder” um tempo razoável com a organização: relacionar os assuntos; selecionar os realmente imprescindíveis; juntar os afins; e, finalmente, estabelecer prioridades, definindo a ordem em que deverão ser escritos. Só então desenvolver a escrita. O resultado final será, com certeza, um texto fácil de ser entendido. Praticar este método é uma das ferramentas de um bom curso de Redação.
Infelizmente sempre houve uma grande distância entre o que estudamos na Língua Portuguesa e aquilo que utilizamos no dia a dia. Perdemos muito tempo de nossas vidas decorando regras e recebendo muitas vezes informações desnecessárias ou erradas. Ocupamos nossas mentes com o menos importante, deixando de lado o essencial: o relacionamento das palavras, a estrutura da frase.
E havia os famosos “macetes”, os chamados facilitadores do aprendizado. Muitos dão resultado. Alguns, entretanto, são danosos. - Respirou, bota vírgula! Quantos de nós não tivemos tal orientação do professor? Isto é um enorme equívoco. A pontuação não é uma questão respiratória, é uma questão lógica. A pontuação é uma questão tão lógica que é capaz de mudar significados. Uma pequena vírgula pode fazer uma grande diferença: Encontramos seu irmão mais velho. Encontramos seu irmão, mais velho.
Todos podem melhorar seu texto, ganhar segurança e dominar a Comunicação. A questão é o foco. Quando olhamos na direção certa, tudo fica mais fácil. A Língua Portuguesa não é difícil, a forma de lidar com ela é que a torna distante. A importância não está nos nomes, e sim nas relações. Palavras sozinhas podem não dizer nada, ou até dizer demais. Quando relacionadas ganham vida, tornam-se mensagem, que deve ser clara e objetiva. E isso não se consegue decorando nomes ou regras, mas praticando, compreendendo e vivendo as estruturas e, consequentemente, o texto.
Comunicamos mal porque não estamos bem? Ou não estamos bem porque comunicamos mal? Não sei... E talvez nunca saiba. Mas, depois de tantos anos lidando com o Ensino, e por isso aprendendo, de uma coisa eu sei: Não há um caminho que leva à Comunicação, a Comunicação é o caminho.
Gerson Jorge
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Uma questão político-gramatical
Sei que tal fato aconteceu faz tempo, antes das eleições. Mas tenho escutado tantos comentários sobre o assunto que me senti obrigado a dar minha opinião. Nada política, apenas como professor. É sobre o trecho da propaganda eleitoral do PT: O João Cândido é um dos navios que transportará as riquezas brasileiras.
Teve gente que, citando gramáticos ou não, garantiu estar errada a frase, pois deveria ser “transportarão”. De outro lado, afirmou-se que a Gramática aceita as duas formas - singular ou plural – do verbo. Citou-se até a Gramática do Celso Cunha, que diz ser a forma singular mais raramente utilizada, porém aceita.
De fato, as duas formas podem acontecer. A questão é o motivo. Não basta dizer que o singular é mais raro. O pouco uso do singular é consequência e não causa. Por que utilizamos muito mais a forma no plural?
O uso do verbo depende do que queremos comunicar, da lógica ou do significado do texto. Ou seja, o pronome relativo QUE pode ser O QUAL ou OS QUAIS. No texto em questão, pode significar que João cândido é um dos navios O QUAL transportará as riquezas brasileiras ou que João cândido é um dos navios OS QUAIS transportarão as riquezas brasileiras.
Por isso as duas são corretas, porém não na mesma situação. Não é uma questão de “tanto faz”. Dependendo do que se quer dizer, somente uma se aplica. Resumindo, se realmente só o João Cândido transportará as riquezas, o texto está correto; se vários navios transportarão as riquezas e João Cândido é um deles, o texto está errado.
Esta é a questão, meus amigos. E não se trata de decorar regras, mas da compreensão do texto. Principalmente por parte de quem está comunicando. Do jeito que está, o leitor só pode compreender que apenas um navio transportará as riquezas - o João Cândido. É isso que diz o verbo. Se a intenção de quem escreveu era essa, perfeito; senão...
Teve gente que, citando gramáticos ou não, garantiu estar errada a frase, pois deveria ser “transportarão”. De outro lado, afirmou-se que a Gramática aceita as duas formas - singular ou plural – do verbo. Citou-se até a Gramática do Celso Cunha, que diz ser a forma singular mais raramente utilizada, porém aceita.
De fato, as duas formas podem acontecer. A questão é o motivo. Não basta dizer que o singular é mais raro. O pouco uso do singular é consequência e não causa. Por que utilizamos muito mais a forma no plural?
O uso do verbo depende do que queremos comunicar, da lógica ou do significado do texto. Ou seja, o pronome relativo QUE pode ser O QUAL ou OS QUAIS. No texto em questão, pode significar que João cândido é um dos navios O QUAL transportará as riquezas brasileiras ou que João cândido é um dos navios OS QUAIS transportarão as riquezas brasileiras.
Por isso as duas são corretas, porém não na mesma situação. Não é uma questão de “tanto faz”. Dependendo do que se quer dizer, somente uma se aplica. Resumindo, se realmente só o João Cândido transportará as riquezas, o texto está correto; se vários navios transportarão as riquezas e João Cândido é um deles, o texto está errado.
Esta é a questão, meus amigos. E não se trata de decorar regras, mas da compreensão do texto. Principalmente por parte de quem está comunicando. Do jeito que está, o leitor só pode compreender que apenas um navio transportará as riquezas - o João Cândido. É isso que diz o verbo. Se a intenção de quem escreveu era essa, perfeito; senão...
Pelo bom senso e pela lógica, com o verbo no singular o ideal é a utilização de vírgula: João Cândido é um dos navios, que transportará as riquezas brasileiras.
Gerson Jorge
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Feliz Aniversário
Uma homenagem a todos que, acima de tudo, acreditam na vida.
_________________________________________________________________________________________
Não sou conhecedor, mas passei a vida escutando:
Vinho... Quanto mais velho melhor!
Triste sina a do vinho
Envelhecer sozinho, engarrafado...
E, ao ser libertado, saboreado, consumido.
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Não sou conhecedor, mas passei a vida escutando:
Vinho... Quanto mais velho melhor!
Triste sina a do vinho
Envelhecer sozinho, engarrafado...
E, ao ser libertado, saboreado, consumido.
Por outro lado
Por que esconder as primaveras?
São elas os momentos de glória
Dos invernos vencidos.
São elas que fazem a nossa história...
Que nos levam da agitação à calma
Marcam nosso caminho na busca da alma.
Por que esconder as primaveras?
São elas os momentos de glória
Dos invernos vencidos.
São elas que fazem a nossa história...
Que nos levam da agitação à calma
Marcam nosso caminho na busca da alma.
O caminho de quem sabe a que veio
O caminho do meio
Nem vinho, nem bolor
Nem consumido, nem consumidor...
O tempo nada mais é do que um sorriso no rosto
Um olhar de desgosto
A emoção lá dentro, a chuva lá fora...
O tempo é o agora.
O caminho do meio
Nem vinho, nem bolor
Nem consumido, nem consumidor...
O tempo nada mais é do que um sorriso no rosto
Um olhar de desgosto
A emoção lá dentro, a chuva lá fora...
O tempo é o agora.
O tempo tá nem aí pro balanço das horas
O tempo não tem calendário
Tem atitude... O tempo é juventude!
E a comemoração
O tempo não tem calendário
Tem atitude... O tempo é juventude!
E a comemoração
Não está no sopro da vela
Mas no sopro de vida no coração.
Mas no sopro de vida no coração.
O tempo é a janela
Que se abre
Nem pro passado, nem pro futuro
Mas pra dentro.
Não tem a favor, nem contrário.
Encontrar tempo, não ter tempo... Coisas do imaginário.
Mas pra dentro.
Não tem a favor, nem contrário.
Encontrar tempo, não ter tempo... Coisas do imaginário.
Só quem vence o chão a cada pé
Só quem vence a razão a cada fé
Sabe o que é
Só quem vence a razão a cada fé
Sabe o que é
Feliz aniversário!
Gerson Jorge
Gerson Jorge
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